1 + 1 = 2, certo? Se for no bilinguismo, é igual a muito mais!
O que é ser bilíngue? Uma pessoa bilíngue consegue comunicar em duas línguas. Isso não quer dizer que ela precise falar cada uma das línguas perfeitamente. Essa é uma ideia errada sobre o bilinguismo. Uma pessoa bilíngue vai, naturalmente, falar uma das línguas melhor que a outra. Não há como ter o mesmo nível em todas as modalidades (leitura, escrita, escuta e oral) nas duas línguas. No entanto, essa exigência pode atrapalhar a confiança da pessoa bilíngue, que pode pensar que é errado não ser igualmente proficiente em ambas as línguas.
Aprender uma língua requer tempo. É preciso que haja compromisso do aprendente, consistência de seus educadores (pais e professores) e formas criativas de abraçar a aprendizagem/ensino de uma língua. Outra coisa muito importante: não se trata apenas da aprendizagem da língua, mas também da manutenção dela. Não se aprende em linha reta. A aprendizagem se dá em espiral. Mais que os conteúdos, as habilidades de comunicação em uma língua são revisitadas durante todo o currículo escolar. O que isso quer dizer? Bem, eu vou ver o presente simples, por exemplo, para falar de mim: nome, endereço, telefone, nacionalidade. Depois, mais ali adiante, no futuro, eu vou ver o mesmo presente pra outra habilidade comunicativa: falar da minha rotina. E por aí vai. Essa ideia de que se aprende a língua através do desenvolvimento de habilidades nessa língua amplia os horizontes de um aluno bilíngue. Pelo simples processo de vivenciar a prendizagem em sala de aula, o aluno bilíngue já exercita seu cérebro para a adaptabilidade e a flexibilidade. Os conteúdos não são rígidos. Eles são adaptáveis ao contexto e à necessidade.
Com o desenvolvimento da flexibilidade e adaptabilidade, o cérebro de uma criança bilíngue tem mais facilidade para focar. Pesquisas mostram que a parte do cérebro que é responsável pelo foco é mais forte em bilíngues. Essa informação se conecta ao fato de que o cérebro de um bilíngue é mais flexível, adaptável e focado porque ele está em exercício constante para realizar a comunicação de forma contextualizada e apropriada. Isso não quer dizer que uma criança bilíngue não possa misturar as duas línguas. Pode sim! Faz parte da ginástica cerebral. Isso não significa que ela não sabe ou está errando. Pelo contrário, o cérebro de uma criança bilíngue consegue trocar e comunicar em contextos diversos. Essa troca de línguas, ou mistura delas, em uma mesma frase, é a troca de braços em uma série de academia, digamos assim. É necessária. Com o tempo, ela se equilibra e aumenta a autoconfiança e o senso de orgulho no falante.
O aluno bilíngue vive um processo contínuo de revisitação e internalização das línguas que fala. Ser bilíngue em línguas vivas exige constante aperfeiçoamento e aprendizagem. São palavras e expressões novas que devem ser aplicadas em contextos diversos, com significados diferentes, de acordo com cada contexto e situação. Esse processo prepara o terreno para que se aprenda mais sobre tudo e com mais facilidade. A aprendizagem de uma segunda língua ara o cérebro para que ele receba mais sementes de conhecimento e formas de pensamento mais aprofundadas, como o pensamento crítico. Essa ginástica também ajuda a fortalecer a nossa saúde mental.
A mente bilíngue tem maior consciência linguística e da importância das línguas para a comunicação. Nessa valorização linguística, eles também passam a valorizar outras culturas porque entendem a importância da língua e da cultura para a formação da identidade individual e coletiva do ser humano. Daí, para um aluno bilíngue, aceitar e valorizar a diversidade passa ser algo mais rotineiro e simples.
O mundo do bilíngue é mais vasto, com mais e maiores possibilidades porque ele não está limitado aos muros da sala de aula, mas abre portas e voa além-mar.
Referências:
https://www.psychologytoday.com/au/blog/radical-teaching/201211/bilingual-brains-smarter-faster