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    Você vê seu filho conversando com uma criança que tem a síndrome do espectro autista.

    Sua reação é:

    1. Orgulho do seu filho
    2. Preocupação
    3. Pena
    4. Você fica confuso

    Se você escolheu qualquer uma dessas alternativas, você tem capacitismo. Capacitismo pode ser considerado como um processo de desumanização, no qual existe a criação de um “eles” e um “nós”, que separa as pessoas com qualquer tipo de deficiência, das “ditas” normais”.

    O capacitismo existe, nas maiorias das vezes, de forma sutil. Ele não permite que você veja a deficiência de alguém como parte de quem ela é e a encare como algo que ela tem. Nesse caso, o verbo “ter” trata qualquer coisa como algo que pode ser descartado ou adquirido. O capacitismo não dá ao deficiente o direito de ser quem ele é. Um cego não tem cegueira. Ele é cego! E dentro de quem ele é, sua audição e seu olfato são mais treinados e por isso, ele percebe coisas que não percebemos ou percebemos de um jeito diferente. Mas não somos, todos nós, únicos e diferentes? A unicidade não é o nosso grande tesouro?

    Capacitismo questiona o mito da normalidade. Esse mito diz que há uma forma melhor ou correta de ser “nomal”. Evitar e estar atento ao capacitismo nos faz valorizar a diversidade e entender que não precisamos “consertar” alguém para que se enquadre na “normalidade”. É o mito da normalidade que alimenta a existência do capacitismo. Não existe uma forma perfeita de ser ou de viver. Existe a melhor forma que podemos ser, que traduz quem somos e quem estamos construindo constantemente. A deficiência faz parte da identidade da pessoa com deficiência.

    Capacitismo é a falta de diálogo consistente e aberto sobre deficiências. Elas não podem ser encaradas como tragédias pessoais ou histórias de superação. Stella Young fala muito bem, em sua palestra sobre deficiência: “Deficiência é encarada como algo ruim e viver com ela faz de você um herói que deve inspirar os outros. Ela não deve fazer de um indivíduo alguém excepcional.”

    Devemos questionar o que nos faz crer que um indivíduo com deficiência seja diferente de outro. Por que um cego que é professor precisa ser visto como alguém que alcançou algo extraordinário? Por que um surdo que chegou a um alto cargo deve ser visto como alguém especial, só por que ele “venceu o obstáculo da surdez”? Isso seria o mesmo que ter uma reportagem no jornal mais importante do dia sobre alguém que devolveu uma imensa quantia em dinheiro. Sua honestidade faz dele alguém excepcional?

    Alcançar nossos objetivos e metas é algo que aprendemos em família e na escola. Porque somos quem somos. As batalhas de cada um fazem parte da construção do ser e suas experiências farão de nossos filhos quem eles serão. Todos nós somos únicos. Nossas caminhadas são únicas.  A sociedade precisa refletir como um todo e rever seus conceitos sobre deficiências. O capacitismo impede que vejamos as pessoas deficientes como pessoas reais, que possuem facilidades e dificuldades, como quaisquer pessoas. Precisamos encarar nossas atitudes capacitistas e dar a todos o direito de ser quem são. Escola e família podem ser grandes aliadas nessa mudança de paradigmas e conceitos. Ser um profissional cadeirante não o faz especial. Ser comprometido, aceitar as diferenças, estudar para trazer as melhores práticas, ser honesto, verdadeiro, são caminhos, sim, que fazem a excepcionalidade de um profissional ou de qualquer pessoa.  O que nos faz especiais é a nossa capacidade de viver a humanização. Pensar no coletivo e trazer a nossa unicidade para enriquecer o planeta. Viver constantemente o processo de hominização, como Paulo Freire versa. Quando nascemos, somos projetos. Nossas experiências de vida constroem nossa identidade e nos fazem Homem Agente Transformador.

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