Vamos imaginar alguns cenários…
Você está carregando sacolas muito pesadas ao sair do metrô e percebe que o elevador está quebrado e você terá que enfrentar vários degraus de escada carregando as sacolas. Você já está sentindo o peso? Ele multiplicou? Deu um suspiro de cansaço só de pensar? Pois bem. Agora imagina uma pessoa que também está correndo, doida para chegar em casa e relaxar. Ela se aproxima de você e se oferece para carregar algumas de suas sacolas com você. O que é que você sente? Dá um alívio, não é? Você ainda vai carregar sacolas. Elas ainda estão pesadas, mas por alguns momentos, até você chegar no topo da escada, você não estará sozinho e terá uma mão.
Agora, imagina um colega de trabalho cujo pneu do carro está murcho e percebe que o step também está murcho. Ele não tem como sair da situação, a não ser que chame um taxi. São 6 horas da noite. Você está doido para chegar em casa. No entanto, aquela pessoa vai chegar mais tarde que você porque ela não tem muitas opções para resolver o problema dela. Você se oferece para levar o pneu junto com ela ao borracheiro mais próximo. Sim. Você vai atrasar um pouco sua chegada em casa. Você vai se sentir mais culpado ou frustrado por chegar atrasado, ou por passar direto pela pessoa e deixar que ela chegue bem mais tarde em casa?
A vida oferece muitas alternativas para ação. Sempre teremos escolhas e decisões a tomar em relação às mínimas coisas. Essas escolhas sempre trarão o peso da não-escolha e suas consequências. No entanto, em pleno século XXI, quando muito se fala em habilidades mais que conteúdos, a serem construídos na escola, como escolher o que é mais importante ser desenvolvido em nossos filhos? Pois bem, a escolha que o mundo pede urgentemente é clara: empatia. Antes se pensava que o ser humano já nascia com essa qualidade e que alguns a tinham de forma mais desenvolvida que outros. Hoje, pesquisas apontam que a empatia deve e pode ser desenvolvida, ensinada. Ela é uma habilidade extremamente necessária atualmente e é importante que a ajudemos a florescer em nossas crianças para que possamos ter perspectivas de uma sociedade global mais humanista e igualitária.
Mas o que é empatia? Originada do termo grego empatheia, que significa ‘paixão’, empatia é a habilidade de se colocar no lugar de outra pessoa, ver situações sob seu ponto de vista e se imaginar no lugar dela. É conseguir se identificar com emoções, sentimentos, culturas de outras pessoas, mesmo que totalmente diferentes das suas.
Empatia é conexão. Como Brené Brown coloca: “é uma escolha. Porque, para me conectar com uma pessoa, eu preciso, primeiro, me conectar com algo em mim que conhece aquele sentimento.”
As experiências vividas são únicas para cada indivíduo, mas a empatia pode nos conectar e nos fortalecer a partir do momento em que passamos a entender as situações sob outras perspectivas. Essas perspectivas múltiplas nos ajudam a nos comunicarmos e estabelecermos relações mais saudáveis. Elas nos ajudarão a perceber as emoções de outras pessoas e suas necessidades. Nesse momento, estamos conectados e podemos ajudar, seja através da ação propriamente dita ou pelo simples fato de estarmos juntos.
Há sinais que mostram que uma pessoa é empática:
· Você é bom em ouvir outra pessoa;
· As pessoas geralmente conversam com você sobre seus problemas;
· Você é bom para perceber como outras pessoas estão sentindo e pensa nelas frequentemente;
· Você se sente “mexido” quando eventos trágicos acontecem;
· Você tenta ajudar outras pessoas que estão sofrendo;
· Você acha difícil estabelecer limites em suas relações com outras pessoas.
Como se pode perceber, ser empático também pode trazer desafios. É importante saber lidar com essa habilidade para que não se ultrapasse a linha tênue entre empatia e relacionamentos menos saudáveis. A empatia saudável pode ser ensinada.
Sabe aquela frase clichê que diz: “um exemplo fala mais alto que mil palavras”? Pois é… É importante que família e escola deem às crianças oportunidades para se engajar em situações e respostas empáticas, diante de contextos diversos. Muitos especialistas sugerem fortemente que educadores e pais vivenciem a empatia no seu dia a dia para que as crianças possam realmente aprendê-la, através do exemplo.
Além do exemplo diário, podem-se utilizar livros e histórias que estimulem a empatia por pessoas históricas ou personagens fictícias, trabalhando empatia com crianças e jovens.
Outras atitudes que podem ajudar esse aprendizado são:
· Nomear o sentimento. Aprender a expressar e falar sobre o que se sente pode ajudar a identificar emoções nos outros.
· Encorajar as crianças a falar sobre seus sentimentos. Para o desenvolvimento da empatia é preciso aprender a falar sobre seus sentimentos e emoções. Daí, aprender a ouvir os outros. Isso também inclui pais e educadores. Adultos.
· Celebrar comportamentos empáticos. Sentir empatia quer dizer que você entende e se conecta com outras pessoas através de suas próprias memórias em relação aos mesmos sentimentos. Isso nem sempre é bom. No entanto, a vida tem momentos de alegria e momentos de frustração. Precisamos aprender a lidar com nossas emoções e buscar regular nossos sentimentos de forma que eles não nos impeçam de atuar para o nosso próprio crescimento e para fazer a diferença na sociedade em que vivemos. Vivenciar empatia em relação aos outros pode trazer memórias mais desafiadoras, mas também nos relembrar que podemos sobreviver a situações e que não estamos sozinhos.
· Peça que seus filhos realizem tarefas que exijam empatia. Tomar conta de animais de estimação, ou de plantas. Pesquisas apontam que crianças adquirem altruísmo e senso de cuidado na medida em que assumem responsabilidades.
A empatia é um tesouro em um planeta que passa por guerras, situações de extrema pobreza, pandemias. É a habilidade que conecta e faz o coletivo mais forte que o individualismo. Precisamos dessa visão coletiva. Precisamos nos ver mais fortes do que tudo o que nos amedronta. Só conseguiremos em uma sociedade que vê no outro uma fonte de aprendizado genuíno, uma inspiração para seguir em frente na vida. Vida que emana amor e convida a respirar paz.
Amanhã será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar
Amanhã está toda a esperança
Amanhã, mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam
Ver o dia raiar Amanhã ódios aplacados
Temores abrandados
Será pleno, será pleno
(Guilherme Arantes)
Que vivamos a empatia em sua plenitude hoje. Plena. Inteira. Plantando a paz a cada amanhecer. A empatia é a chave da paz.
Referencias
Empathy Definition | What Is Empathy. (n.d.). Greater Good. Retrieved March 20, 2022, from https://greatergood.berkeley.edu/topic/empathy/
Hot to Help. (n.d.). Greater Good. Retrieved March 20, 2022, from https://greatergood.berkeley.edu/article/item/hot_to_help
User, G. (2021, December 13). How to Build Empathy and Strengthen Your School Community. Making Caring Common. Retrieved March 20, 2022, from https://mcc.gse.harvard.edu/resources-for-educators/how-build-empathy-strengthen-school-community
Sugestões de vídeos e filmes para assistir antes de conversar sobre empatia:
Brene Brown explica empatia em poucos minutos: https://www.youtube.com/watch?v=FVstAFkTq-Q
Forrest Gump
Um lindo dia na vizinhança
Sugestões de vídeos e filmes para assistir com seus filhos:
E.T.
Divertidamente
Frozen
Valente