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    Quando escolhemos a escola de nossos filhos e optamos pelo ensino bilíngue, muito há nisso de expectativa e desejo. Um desejo de que nosso filho possa ter as mesmas ou, até, melhores oportunidades que as nossas, na vida. Esse desejo que temos é genuíno, imenso e belo. Que pai não quer que seu filho vá “ao infinito e além”?

    Que bom que podemos dar aos nossos filhos uma oportunidade como estudar em uma escola que tem um programa bilíngue. Aprender uma segunda língua abre portas e a mente para o mundo. No nosso íntimo, porque passamos a ver o mundo com uma visão mais ampla, novas perspectivas e um olhar diferenciado. A partir daí, o mundo passa a nos oferecer chaves de portas que nos trarão inúmeras possibilidades de crescimento.

    São muitas expectativas maravilhosas, não é mesmo? Então, quando saímos com nossos filhos e pedimos que eles falem alguma coisa em inglês para os nossos amigos, ou mesmo quando pedimos que eles falem o que aprenderam em casa, e eles permanecem calados? O que acontece? É comum sentirmos alguma frustração enquanto pais. “Puxa vida! Ele está tendo a oportunidade que eu não tive, estou investindo tanto em termos de dinheiro e de desejo, e parece que ele não quer aproveitar!” Quantas vezes não nos pegamos pensando assim ou, ainda, pensando que a escola não está “funcionando” ou que “nossos filhos não são para aprender inglês, não é a praia deles”…

    Não há por que alimentar uma ansiedade que é compreensível que exista, mas que não tem razão para tal. Quando aprendemos uma língua, vivenciamos diferentes fases desse aprendizado. São elas:

    1. Listening (ou esponja, como gosto de chamar): nela o aprendente escuta tudo e não reproduz ou produz muito. Quando aprendemos português, é a fase em que o bebê está no berço ou no colo, mas rodeado por sons que são de linguagem ou ruídos. Ele passa a separá-los e depois identifica os sons da linguagem. Nessa fase, o aprendente capta tudo como uma esponja que fica cheia de água, capaz de triplicar seu tamanho.
    2. Entendimento: ainda numa fase meio “Bob Esponja”, o aprendente passa a diferenciar os sons, as palavras e associá-los aos significados, percebendo as formações gramaticais e passa a entender os significados das palavras que escuta. Nessa fase, eles começam a se arriscar a pronunciar alguns sons e palavras, geralmente as repetindo antes de se arriscar mais numa fase mais autoral com a língua.
    3. Discurso emergencial: nessa fase, o aprendente começa a se arriscar a usar as palavras em frases e questionamentos. O vocabulário continua a se expandir e os períodos de silêncio são menos longos, mas ainda são necessários para que ele consiga apreender a linguagem para a comunicação significativa. O aluno é um pouco papagaio, ensaiando voos solo.
    4. Discurso intermediário: é quando os alunos começam a pensar na língua que estão aprendendo. Suas formulações são menos concretas e passam a falar mais de coisas abstratas: emitem opinião pessoal, expressam sentimentos, etc. Nessa fase, é comum que alunos misturem a língua materna com a segunda língua.
    5. Discurso livre: aqui os alunos já se sentem seguros para arriscar falar e comunicar na segunda língua. Eles ainda cometerão erros – quem não os comete?! São companheiros de toda e qualquer aprendizagem – mas seu vocabulário e habilidade na língua continuarão a se expandir.

    A expansão do vocabulário e o aprendizado em uma língua ocorrem continuamente, revisitando todas as fases, por tempo indeterminado. Para sempre. Pense no português: você já se deparou com uma palavra que não conhece ou tem dúvida quanto à forma como ela deve ser escrita? E olha que somos proficientes em português, hein? Esse processo contínuo de revisitação da fase esponja, do silêncio, da repetição, da produção livre faz parte da aprendizagem da língua e não deve terminar jamais. Então, se às vezes seu filho ou sua filha parecem calados, lembre: estão vivenciando um processo de aprendizagem. A isso, ainda acrescentamos as características e unicidade de cada um: uns são mais tímidos, outros mais extrovertidos, uns mais falantes, outros, mais calados… Porém, todos aprendendo sempre. Isso é certo. Cada um do seu jeitinho.

    Mas todos irão “ao infinito e além!”

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