Mind = mente
Full = cheio(a)
Sua mente tá cheia? Mindful parenting.
Acordar.
“Poxa! Já?! Parece que faz 10 minutos que deitei.”
Levantar. Acordar as crianças. Cada qual leva seu tempo e eu não tenho tempo pra dar tempo a eles. O trânsito vai estar um caos.
“Eu tenho que preparar café da manhã, tomar café, pegar o carro, pegar bolsas, lancheiras, crianças.”
O uniforme de um está incompleto. Não deu tempo de secar. Escrever justificativa na agenda.
“Corre, filho! A gente vai pegar trânsito.”
Olhar o celular.
“20 e-mails! Como assim? Já? Eu mal acabei de acordar. Como se reproduzem?”
“Vem, filha. Corre!“
Café da manhã. Um derrama leite na mesa.
“OMG! O meu dia promete ser daqueles hoje.”
Carro. Cada um quer ouvir uma música diferente. Retrovisor.
“Tudo bem aí?”
Um está no celular. O outro está calado. Só um responde com um sorriso da cadeirinha de proteção.
Deixar os meninos. Um trânsito imenso.
“Vou atrasar. Droga!”
Atrasado.
“Já estava atrasado para responder os 20 e-mails. Agora são 35.”
Começar.
“Ou será que já não comecei antes de acordar?”
Sorrir. Por trás do sorriso, uma lista de coisas pra fazer antes de chegar em casa. Continuar sorrindo. Muitas vezes, esse sorriso se agarra à lista de coisas pra fazer.
Chegar em casa.
O mais novo já dorme. Os outros estão morrendo de sono.
“Estou exausto. O que faço agora? Vou ajudar a colocar os pequenos pra dormir.”
Banho. Jantar. Ver o jornal. Pandemia. Tá na hora. Cama.
Acordar.
Uma vírgula aqui agora. Vírgula indica pausa. ,,,, Respira. Inspira. Conta um. Expira. Dois. Inspira. Três. Expira. Quatro. Ins… tenho que levar o carro para revisão. ,,, inspira. Um. Expira. Dois. Inspira. Três.
Esse é um exercício bem simples e básico para praticar mindfulness. Muito se tem falado nisso, mas o que é que significa? Mindfulness é comumente traduzido por atenção plena. Não sei se esse é o termo apropriado. A palavra plena pode trazer em si uma tensão que remete à totalidade, perfeição. Sim, mindfulness significa estar presente no presente. No entanto, não há a exigência da perfeição. Praticar mindful parenting, ou paternagem com mindfulness, não está ligado à perfeição. Está ligado sim, à capacidade de conseguir regular e lidar com os estresses da vida, lidar com as próprias emoções para ajudar nossos filhos a lidarem com as situações desafiadoras que terão que enfrentar inevitavelmente, durante toda a vida.
Meus amigos, vocês são pais hoje, mas já foram as crianças de seus pais. A infância de vocês poderia trazer pressão para a fase adulta dos pais sobre o processo. Um ciclo de vida que se repete. No entanto, não tem que ser vicioso. Pode se tornar mais virtuoso. Menos árduo. O século 21 trouxe avanços inimagináveis, mas também trouxe a pressão do tempo versus produção. A essa pressão, os adultos reagem com corre-corre, insegurança e estresse.
Um exercício de respiração pode contribuir para que você fique mais presente em si e responda diante de situações ao invés de reagir. A reação vem carregada de momento que, na maioria das vezes, não condizem com os nossos sentimentos reais, mas são o reflexo de sentimentos carregados de medos, incertezas e estresse. Nenhum ser humano é isso. Somos muito mais. Você é muito mais. Você é o filho de seus pais, o menino que cresceu e os inspirou a querer o melhor para você. Você é quem teve um filho que o inspira e motiva a ser sempre uma pessoa melhor. Uma pessoa que tem direito aos medos, angústias e estresses do mundo contemporâneo, mas que sabe que eles não o fazem porque você sabe que pode aprender a controlar e regular suas emoções. Tentar praticar “mindful parenting” vai ser como ser pai ou mãe: haverá dias bons e dias ruins. Tudo é aprendizado. Mas estar consciente de que exercícios para ajudar você existem e tentar praticá-los, já é um grande passo para não se deixar sequestrar por suas emoções, mas aprender a entendê-las e saber lidar com elas.
Estudos comprovam que a prática de mindful parenting traz ganhos para a família:
- Você se torna mais consciente de seus sentimentos e pensamentos;
- Você passa a responder melhor ao mundo que lhe rodeia, inclusive às necessidades reais, pensamentos e sentimentos de seus filhos;
- Você passa a regular suas emoções de forma mais eficaz;
- Você se torna menos crítico a seu respeito e com relação ao seu filho;
- Você se torna mais preparado para se afastar de situações de risco em que você poderá agir impulsivamente;
- Seu relacionamento com seu filho se desenvolve mais.
Exercícios simples como o de respiração acima, quando praticados rotineiramente, ajudam a identificar gatilhos emocionais que trazem impulsividade e falta de clareza ao agirmos, ou melhor, reagirmos diante de situações. Esse simples exercício, pode ensinar que inspirar e expirar podem trazer para você um tempo para refletir sobre a melhor resposta diante de uma situação não agradável.
Ao exercer o seu direito de resposta, você estará ensinando, através do exemplo, que seu filho tem direito aos seus sentimentos, mas que ele pode responder mais que reagir.
A escolha de resposta a situações de estresse, sobre a reação impulsiva, coloca um ponto final em muitas questões que poderiam se prolongar desnecessariamente. Uma vírgula para inspirar, expirar e exercitar mindfulness, sendo convidada a fazer parte de sua rotina, pode fazer uma grande diferença para você. Ao acordar, mesmo cansado, você vai se olhar no espelho, inspirar e pensar tranquilamente: estou fazendo o meu melhor. Isso basta. Meu filho é lindo como é. Isso basta. Estou aqui para mim, agora. Estou para minha família. Isso basta. Isso é processo de crescimento em família. O resultado? Vem sempre depois de um processo de crescimento bem vivido, em todas as moléculas inspiradas e expiradas. Inspira. Um. Expira. Dois. Respire fundo, e vai. Você é fera!