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    Sabe aquela primeira bicicleta que é o nosso sonho de infância?  Poder sair por aí sobre duas rodas e controlar os movimentos da bike como quem controla seu destino… Você sabe andar de bicicleta? Se sim, então você conhece a sensação do vento no rosto e da velocidade máxima que nossos pés conseguem atingir nos pedais. Se não, deve ter observado pessoas pedalarem e se encantado com a capacidade de se equilibrar sobre duas rodas.

    Quando observamos alguém pedalando, podemos pensar: “Poxa! É simples!”

    No entanto, pedalar envolve muitas habilidades: olhar para frente para decidir que direção tomar e, ao mesmo tempo, olhar o que está no seu caminho mais próximo para não cair; ser capaz de sincronizar os pés nos pedais, a visão, os braços estendidos e as mãos no guidão; poder frear e parar os pedais ao mesmo tempo; e equilibrar-se! Para não mencionar outras.

    Pois é. Parece simples, mas aprender a pedalar requer prática. Vivência. Sentar e tentar. Arriscar. Cair. Levantar. Recomeçar. Pedalar é como aprender uma segunda língua. Você pode observar uma criança aprendendo inglês, acompanhar sua evolução, mas é na vivência que tudo acontece. Numa sala de aula com aprendizagem baseada na integração entre conteúdo e língua inglesa (CLIL – Content and Language Integrated Learning), o ambiente escolar é aquele parque com planície para que possamos pedalar livremente enquanto aprendemos várias habilidades no caminho do desenvolvimento. É como se o vento no rosto, a capacidade de se equilibrar sobre duas rodas fossem o aprendizado da ciências e da matemática que são vivenciados nessa pedalada, por exemplo. Pedalar em inglês.

    É incrível, não é? Quando a gente vê, a gente já está pedalando e parece que sempre soube fazer isso. Lembro bem de quando aprendi a pedalar. Meu pai me ajudava a subir na bicicleta e dava um empurrãozinho. O resto era comigo. Caí, me arranhei, mas me levantava e lá estava eu de novo: pronta para recomeçar. Claro que meu pai se preocupava comigo! Ele queria que eu aprendesse o mais rápido possível, para então curtir a liberdade das pedaladas seguras. No entanto, ele sabia que estava fazendo o que era necessário naquele “empurrãozinho”.

    Assim acontece com os pais de crianças bilíngues. Até que ponto devemos dar o empurrãozinho na bicicleta? Temos que ensinar o passo a passo para que nossos filhos sejam bem-sucedidos? O que devemos ensinar em casa? Como devemos fazer isso?

    A resposta é simples e vem numa pedalada: vivência. A criança que aprende em contexto bilíngue vivencia a língua. O inglês faz parte de seu cotidiano e de sua rotina escolar e, facilmente, essa rotina se estende para casa. De repente, seu filho está falando uma parte da frase em português e outra parte em inglês. É só sentar na bicicleta e pedalar. Ela está vivenciando todas as habilidades necessárias para o passeio e se diverte com isso. Quando pedalamos, não pensamos no passo a passo. Simplesmente, pedalamos. É assim no contexto bilíngue: a criança vai aprendendo, vivenciando e produzindo. Cada uma no seu tempo e do seu jeito. As vivências de sala de aula visitam os lares dessas crianças e elas são capazes de subir em suas bikes e sair pedalando por aí. Claro que o empurrãozinho de papai e mamãe ajuda, mas ele só dá um início no movimento que é todo de quem pedala.

    Então, penso que a ansiedade sobre tarefa de casa ou sobre a certeza de que seu filho está aprendendo do jeito certo pode – e deve – ser trabalhada. É só lembrar das pedaladas! Quem aprende a andar de bicicleta, não esquece. Não esquece a aprendizagem porque está enraizada nas esquinas da memória vivenciada, experimentada, viva.  A tarefa de casa já foi explicada em sala, já foi trabalhada. Se a criança não fizer em casa, ela vai poder revisitar tudo no dia seguinte, porque a aprendizagem, num contexto bilíngüe, convida o aprendente a reviver e sedimentar o aprendizado em diversas oportunidades em sala. É dar o empurrãozinho do ouvir, do interesse, do se fazer presente para ver e se divertir quando seu filho estiver pedalando. Cada pedalada é um motivo de alegria. Mas pra ser de verdade, é a criança quem precisa sentar, pegar o guidão e sair por aí, pedalando. E o seu filho vai acabar falando: “Olha o que eu sei fazer!” E quando você menos esperar, você já o perdeu de vista porque ele foi longe.

    EXTRA!

    Que tal vocês conversarem com os filhos de vocês sobre alguma coisa que vocês aprenderam e como vocês aprenderam? Conversa como aprenderam a andar de bicicleta. Que tal?

     

     

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